Nota de repúdio ao feminicídio e de solidariedade
É com tristeza e indignação que o Diadorim – Centro de Estudos de Gênero, Sexualidade, Raça, Etnia e o Departamento de Educação – Campus XIV da Universidade do Estado da Bahia expressam seu repúdio pelo assassinato de Tatiana Fonseca, ao tempo em que expressa solidariedade ao professor Kléber Simões, primo da vítima, e a toda a sua família.
O feminicídio ocorreu em Salvador, no bairro da Pituba, dia 10/12, data que se comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos e encerra o ciclo de atividades da Campanha de 16 dias de ativismo na UNEB pelo fim da violência contra as mulheres, um projeto de extensão desenvolvido pelo Diadorim desde 2006.
De acordo com os jornais locais, Tatiana Fonseca saía da garagem do prédio onde morava para caminhar com seu cachorro quando o ex-namorado, João Miguel Pereira, vulgo DJ Frajola, se aproximou e atirou contra ela e, logo depois suicidou-se no apartamento onde morava.
DJ Frajola era agressor de mulheres reincidente. Em 2012, foi preso depois de sequestrar e torturar uma ex-namorada. Em 2016, perseguiu e ameaçou outra ex-namorada e foi denunciado pela mesma. Quando Tatiana Fonseca soube desse histórico de agressão, após aproximadamente 30 dias de namoro, terminou o relacionamento, e, temendo perseguições, mudou de endereço. Mas o assassino estava disposto a matar.
O 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado em 2019 com dados referentes a 2018, aponta crescimento de 11,3% dos casos de feminicídio, sendo as mulheres negras as maiores vítimas (61%). O ápice da mortalidade se dá aos 30 anos. Conforme dados levantados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, houve um aumento de 22% nos registros de caso de feminicídio no Brasil durante a pandemia. Dados que correspondem aos meses de março e abril apontam o aumento de casos, de 117 em 2019, para 143 em 2020. O número de denúncias registradas no Ligue 180, em comparação entre os meses de março de 2019 e 2020, cresceu em 17,9%. Em abril, o número registrado foi de 37,6% em relação ao mesmo período em 2020.
Diante desses números, nos perguntamos até quando? Como radicalizar mais essas questões na universidade, onde se espera o acúmulo crítico do que foi narrado como social e a produção de discursividades mais solidárias, democráticas e políticas? Como pautar a Universidade, sua gestão, o administrativo e o acadêmico, na diferença e pela diferença?
O Feminicídio é um mal que precisa ser erradicado, é o desfecho final de uma tragédia anunciada no cotidiano de mulheres atordoadas pelo ciclo da violência que tem raízes no machismo estrutural, que é naturalizado nos discursos e práticas diárias.
Chega! Não somos alvo; somos corpos em resistência. Somos da Educação, não toleramos violência.
Finalizamos com a intenção de esperançar que os casos de feminicídio e todas as expressões de violência contra mulheres e meninas sejam erradicadas da humanidade. Agradecemos aos vários coletivos a(r)tivistas da Uneb, que são constituídos por pessoas que adiam desejos individuais para pensar/agir coletivamente na busca por justiça social, dentre elas Kléber Simões, um a®tivista em movimento de defesa da vida e do bem viver.